sábado, 26 de março de 2016

desmemórias 


cada galeria é uma passagem que atravessa décadas pode-se enredar um caminho lateral discreto entre o café e o manequim que veste o vestido de verão ou jogar xadrez com os pombos no jardim restrito que contorna o limite do prédio
Na São Bento as sombras
entre a ferrugem da marquise 
e os passos enviesados
rente à escadaria 
o senhor de panamá 
pisa na água suja e
lamenta a loja fechada
1935, El Sombreiro
finda um tempo
arabesco, espelho mofado
o relógio de ponta-cabeça
em ato contínuo, silêncio
tecido nessa noite de garoa